de 2011
  

Entrevista: mãe de Isabella conta os bastidores do fórum

Em entrevista exclusiva ao G1, Ana Carolina Oliveira, diz que quer engatar a primeira e viver. Ela agradece aos jurados e à população e fala da falta que sente da filha.

Em uma entrevista exclusiva ao repórter Kléber Tomáz do G1, o Portal de Notícias da Globo, a mãe de Isabella contou detalhes dos bastidores do julgamento. Os momentos difíceis que ela enfrentou durante o confinamento no fórum,como foi a preparação psicológica para o encontro com os acusados e como ela acompanhou a leitura da sentença.

728 DIAS À ESPERA DE JUSTIÇA - “Durante esses dois anos da morte da minha filha a gente vem em um tratamento, venho me preparando para esse dia que eu sabia que seria bem difícil. O meu terapeuta, a gente estava em contato telefônico também. Ele tava muito preocupado comigo nesse momento como seria. Nessas duas semanas a gente deu uma intensificada, eu fui acabando indo mais vezes lá, ele me preparou também para esse momento de ver as fotos que eu acreditei estarem no plenário pra isso, eu vi algumas fotos, pra mim foi um momento muito difícil, muito terrível, ver todas aquelas fotos foi bastante complicado.

SEGUNDA-FEIRA, 11H30 - ANA CAROLINA OLIVEIRA CHEGA AO FÓRUM DE SANTANA. COMEÇA O CONFINAMENTO – “Eu já tinha ficado reclusa na segunda-feira, aquilo pra mim já tava sendo difícil. Quando eu soube que eu iria ficar novamente, eu entrei completamente em desespero de saber que eu, naquele momento, eu queria um abraço da minha família, eu queria estar com a minha família, as pessoas que me ajudaram, eu queria estar próxima deles, era o que eu precisava, aí eu soube, eu fiquei muito desesperada, eu saí de lá chorando muito, de saber que eu ia ter que continuar ali incomunicável e eu também não sabia até quando. E eu acabei ficando lá até quinta-feira pela parte da manhã, sem contato com ninguém, sem falar com ninguém. O lugar que eu tava era bastante quente, o quarto que eu tava era bastante quente, eu fui entrando num estado de estresse muito complicado”.

SEGUNDA-FEIRA, 19H30 - O ENCONTRO COM OS ACUSADOS – “Quando entrei no plenário eu tava tão nervosa que eu não tive uma visão ampla do plenário. Eu não consegui olhar pra platéia, eu não via nada. Aí quando eu sentei, quando eu virei assim, na verdade não foi nem que eu não olhei pra eles, o esteriotipista tava do meu lado direito e ele estava exatamente na frente deles. Então eu vi o rosto do Alexandre, só a parte do rosto, e a Jatobá eu nem consegui ver. É tão cruel está ali naquele momento e você ver que a pessoa que tinha que zelar pela vida dela não foi a que zelou, então aquilo pra mim é pensar que é muito cruel, chega a ser inacreditável”.

“A todo momento, eu tava ali por ela, pra ela, pensei demais nela, eu tinha uma foto na minha mão dela, quando eu me desesperava eu abria olhava pra ela, pedia pra ela me dar força, prestar o depoimento e falar tudo aquilo foi uma situação bem, bem difícil, um momento que eu esperei muito, mas foi difícil”.

QUINTA-FEIRA - ANA CAROLINA OLIVEIRA PASSA MAL E É LIBERADA – “Nem acreditei na hora que o juiz veio anunciar, eu tava na enfermaria, medindo pressão que tinha caído bastante, nossa eu já saí dali fui pro meu quarto pegar minhas coisas, encontrei minha mãe, foi demais encontrar a minha mãe ali naquele momento tava precisando um abraço dela, encontrar alguém da minha família”.

“A gente só se abraçou, naquele momento a gente não precisava falar nada. A gente veio conversando durante o caminho, aí cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi tomar um banho, almocei aqui na minha casa. Então foi completamente diferente, estar na minha casa, no meu ambiente, principalmente com a minha mãe”.

SÁBADO, 0 HORA 40 MINUTOS - O FIM DO JULGAMENTO – “Eu tava na minha casa com alguns amigos que estavam aqui comigo pra me darem uma força. Eu tava nervosa, muito angustiada, eu acompanhei pela televisão e tava conversando muito por celular também com a minha advogada”.

“Ao mesmo tempo eu estava ouvindo pela televisão, acompanhando pela televisão, porque como passou ao vivo a sentença pelo Dr. Maurício e ela tava mandando pra mim também uma mensagem. Então foi ao mesmo tempo”.

“Pra mim, foi o fechamento de um ciclo. O momento que eu sempre esperei, que era o momento realmente da justiça pela minha filha. Então acabou realmente fechando uma parte de tudo o que aconteceu”.

“Eu tava falando com meu irmão pelo celular e ele tava no corredor e acabou encontrando com os jurados. Aí ele falou assim: ‘eles estão aqui, você não quer falar com eles?’ Gostaria muito, ele acabou colocando no viva voz. Eu agradeci porque durante os quatro dias que eu fiquei lá, a gente não se via, eu não vi em momento algum os jurados, só que a gente sabia que a gente tava em quartos um ao lado do outro. O mesmo momento difícil que eu estava passando, eles também estavam passando e o cansaço tudo. Pra mim, agradecê-los é como se eu tivesse agradecendo, fazendo um agradecimento por todo mundo pelo resultado da sentença”.

“Eu acredito que o Dr. Maurício tenha feito um trabalho excelente, um profissional extremamente competente ele soube fazer o que estava dentro do que ele, do que a lei permitia, e de tudo que aconteceu lá”.

“Pra mim é super importante, aquelas pessoas que ficaram lá e dormiram no fórum durante cinco dias seguidos, que deixaram a família de longe e vieram pra cá meu agradecimento vai ser eterno, eu não teria nem palavras pra descrever tudo isso”.

20 DIAS PARA O ANIVERSÁRIO DE ISABELA - EM 18 DE ABRIL, ELA COMPLETARIA 8 ANOS – “Essas datas são bem difíceis, o que seria uma comemoração não é mais. Então eu procuro ficar bastante com a minha família, que é quem me ajuda meus sobrinhos, as pessoas que estão do meu lado, eu procuro ficar bastante com elas pra passar por mais essa”.

“Todo momento com ela faz falta, qualquer lembrança faz falta. É uma vida que você construiu que você foi seguindo todos os passos e aprendendo junto com a criança e que agora não existe mais. Triste demais saber que você vai voltar e nada vai voltar”.

“Pra mim é um prazer enorme quando eu consigo sonhar com ela, quando eu acordo e lembro de algum sonho que eu tenho com ela. Toda vez que eu sonho com ela é uma maneira de eu tê-la próxima e continuar uma lembrança dela”.

“Não tenho planos do que fazer agora. Vou engatar a primeira novamente e continuar a vida”.

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Pedro Filho