de 2011
  

Veja quais são as mudanças no novo código de ética médica

Queixas, reclamações, frustrações. A imagem que os pacientes fazem da classe médica não anda muito boa. E os médicos sabem disso.

Quem nunca se sentiu ignorado por um médico, desatendido?

Consulte a lista de endereços do Conselho de Medicina de todos os estados

Quantas mães já não sofreram a aflição de não achar um pediatra para o filho doente?

Agora existe a promessa de que as coisas vão mudar. Graças a um novo código de ética médica que começa a valer a partir desta semana.
“Doutor, eu estou sentindo uma dor aqui. Pois não? Passa a injeção para ela. Ele nem sequer quer saber mais do que eu estou sentindo, não quer ouvir mais”, conta Maria José da Conceição, cabeleireira.

“Inclusive eles têm uma certa rapidez também no sentido de querer liberar o cliente, com uma rapidez muito grande”, diz Marco Aurélio Leite de Souza, representante comercial.

“Tem que mudar, tem que mudar a relação médico-paciente. Tem que mudar”, afirma Tereza Pacheco, corretora de imóveis.

Queixas, reclamações, frustrações. A imagem que os pacientes fazem da classe médica não anda muito boa. E os médicos sabem disso.

O novo código de ética médica brasileiro entra em vigor nesta semana. Ele trata de muitos dos avanços da medicina.

Mas principalmente, tenta melhorar a relação médico-paciente.

“Não existe mais espaço para médicos autoritários, prepotentes, arrogantes”, declara Roberto D'Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina.

“Eu estava com gripe, quando fui ver, estava com pneumonia. Porque era uma virose, era uma virose, e eu não fui cuidando, quando fui ver estava com princípio de pneumonia”, diz Luana Gouveia, auxiliar administrativa.

Vários artigos do novo código pretendem acabar com a pressa e a desatenção dos médicos. Para não prejudicar pacientes como a Luana. Está lá, no código: é vedado ao médico causar dano ao paciente por ação ou omissão.

“Não sei nem o nome da médica, como posso ser atendida pelo médico que não sei nem o nome”, ressalta Maria Luiza Nadrade, manicure.

”Ele só passa o remédio e vai embora, não poda nem a mão em você”, afirma Luciane dos Santos, dona de casa.

“O médico tem que ser absolutamente atencioso, tem que ser zeloso, ele tem que ser diligente, ou seja, para ele examinar, para ele ouvir uma história, ele tem que ter tempo, ele tem que deitar o paciente, tocar”, esclarece Roberto D'Ávila.

Agora, os médicos estão proibidos de fazer receitas ilegíveis. O que pouparia muita dor de cabeça para dona Margarida e sua neta.

“Lá na farmácia, eles não, não souberam ler o nome do remédio que estava escrito”, conta Margarida Rangel, aposentada.

- E aí foram em muitas farmácias?

“Dez”, conta Geanne Rangel, dana de casa.

- Dez farmácias. E ninguém conseguiu saber o que era?

“Não. Ninguém conseguia decifrar o remédio que era para comprar”, conta a neta Geanne Rangel.

Elas voltaram ao consultório para tentar resolver o enigma.

“E nem o próprio médico conseguiu decifrar o que estava escrito”, diz Geanne.

Quando o filho tinha um mês, esta mãe ouviu de uma médica que seu filho tinha uma doença nos rins incurável.

“Ele ia ter que se tratar a vida toda, com medicamentos fortíssimos, poderia ter um retardo de crescimento”, diz a mãe Alessandra Cristiane de Mello, mãe de Emir.

Ela procurou outro médico. O bebê tinha uma infecção, se tratou e ficou bom. Mas a primeira médica não ficou aliviada com a boa notícia.

“Ela nos recebeu de uma forma grosseira, depois que ela soube que nós procuramos uma segunda opinião”, conta.

A partir de agora, se o paciente quiser ouvir uma segunda opinião, o primeiro médico tem que colaborar. E não pode se opor a conversar e passar informações para o novo médico. E se for preciso colaborar também para a formação de uma junta médica para discutir o caso.

“Seria muito mais seguro para mim, para a saúde do meu filho, se eles tivessem conversado, chegado a um consenso. Foi muito difícil, a decisão ficou com a gente”, diz a mãe.

E como agir diante de um caso que evidentemente se encaminha para a morte?

Esta é outra situação prevista no código. Que diz o seguinte: em casos irreversíveis e terminais, o médico deve oferecer todos os cuidados paliativos, mas deve também evitar ações inúteis e obstinadas. Aquelas que só prolongam em vão uma vida que está no fim.

E para esses momentos, o código diz que o paciente deve receber os cuidados para sofrer o mínimo possível.

“Isso é um avanço muito grande. É saber que a medicina tem limites de cura, mas que não tem limite nenhum no cuidado”, declarou Maria Goretti Maciel, diretora do serviço de cuidados paliativos do HSPE-SP.

Mas a pior coisa na relação médico-paciente é quando essa relação não existe, porque o médico não está, não veio, faltou.

“Hoje mesmo levantei cedo para poder levar o filho no médico e aí não tem médico, é revoltante. Médico não pode faltar no plantão”, conta Luciane.

Faltar em plantão já era proibido. O que o código de ética traz de novidade nessa questão é estender a responsabilidade para a direção do hospital, do centro de saúde.

Agora, está claro, preto no branco: na ausência de médico plantonista, a direção técnica do estabelecimento deve providenciar a substituição.

Uma médica trabalhando, quando havia quatro pediatras escalados para um plantão. Na Páscoa, o Fantástico passou duas madrugadas em hospitais do Rio de Janeiro.

Fantástico: O código entra em vigor no dia 13. O senhor pode assegurar que no próximo fim-de-semana, nos próximos plantões, não vai faltar plantonista nos hospitais?

“Se o médico vai faltar ou não eu não posso garantir a você. Agora eu posso garantir que todas as ações administrativas e legais serão realizadas. Isso eu garanto”, disse Sylvio Jorge, sub-secretário de saúde do Rio de Janeiro.

Fantástico: Quando um paciente se depara com uma situação dessas, como é que ele pode preservar o seu direito, como ele deve agir, a quem ele procura?

“Os conselhos têm sido muito rigorosos. Antigamente, eles tinham essa pecha de corporativista, máfia de branco, que não punia ninguém. Pelo contrário, os maus médicos nós queremos punir”, diz Roberto D’ávila.


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De: Livia Torres
Enviada em: domingo, 11 de abril de 2010 21:30
Para: Tatiana Caldas
Assunto: novo codigo

Se vc puder e qdo der, Confere esse pra mim. Conferi no ar, mas passaram algumas coisas...



Quem nunca se sentiu ignorado por um médico, desatendido?

Quantas mães já não sofreram a aflição de não achar um pediatra para o filho doente?

Agora existe a promessa de que as coisas podem mudar. Graças a um novo código de ética médica que começa a valer a partir desta semana.

“Eles atendem tudo na carreira. Doutor, eu estou sentindo uma dor aqui. Pois não? Passa a injeção para ela. Ele nem sequer quer saber mais do que eu estou sentindo, não quer ouvir mais”.

“Inclusive eles têm uma certa rapidez também no sentido de querer liberar o cliente, com uma rapidez muito grande”.

“Tem que mudar, tem que mudar a relação médico-paciente. Tem que mudar”.

Queixas, reclamações, frustrações. A imagem que os pacientes fazem da classe médica não anda muito boa. E os médicos sabem disso.

O novo código de ética médica brasileiro entra em vigor nesta semana. Ele trata de muitos dos avanços da medicina.

Proíbe criar seres humanos geneticamente modificados.

Na reprodução in vitro veda a escolha de sexo, ou a implantação de muitos embriões no útero da mulher.

Mas principalmente, tenta melhorar a relação médico-paciente.

“Não existe mais espaço para médicos autoritários, prepotentes, arrogantes e paternalistas’, declara Roberto D'Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina.

“Eu estava com gripe, quando fui ver, estava com pneumonia. Porque era uma virose, era uma virose, e eu não fui cuidando, quando fui ver estava com princípio de pneumonia”, diz Luana.

Vários artigos do novo código pretendem acabar com a pressa e a desatenção dos médicos. Para não prejudicar pacientes como a Luana. Está lá, no código: é vedado ao médico causar dano ao paciente por ação ou omissão.

“O médico tem que ser absolutamente atencioso, tem que ser zeloso, ele tem que ser diligente, ou seja, para ele examinar, para ele ouvir uma história, ele tem que ter tempo, ele tem que deitar o paciente, tocar”, esclarece Roberto D'Ávila.

Agora, os médicos estão proibidos de fazer receitas ilegíveis. O que pouparia muita dor de cabeça para dona Margarida e sua neta.

“Lá na farmácia, eles não, não souberam ler o nome do remédio que estava escrito”, conta Margarida Rangel.

- E aí foram em muitas farmácias?

“Dez”.

- Dez farmácias. E ninguém conseguiu saber o que era?

“Não. Ninguém conseguia decifrar o remédio que era para comprar”, conta a neta Geanne Rangel.

Elas voltaram ao consultório para tentar resolver o enigma.

“E nem o próprio médico conseguiu decifrar o que estava escrito”, diz Geanne.

Quando o filho tinha um mês, esta mãe ouviu de uma médica que seu filho tinha um doença nos rins incurável.

“Ele ia ter que se tratar a vida toda, com medicamentos fortíssimos, poderia ter um retardo de crescimento”, diz a mãe...

Ela procurou outro médico. O bebê tinha uma infecção, se tratou e ficou bom. Mas a primeira médica não ficou aliviada com a boa notícia.

“Ela nos recebeu de uma forma grosseira, depois que ela soube que nós procuramos uma segunda opinião”, conta.

A partir de agora, se o paciente quiser ouvir uma segunda opinião, o primeiro médico tem que colaborar. E não pode se opor a conversar e passar informações para o novo médico. E se for preciso colaborar também para a formação de uma junta médica para discutir o caso.

“Seria muito mais seguro para mim, para a saúde do meu filho, se eles tivessem conversado, chegado a um consenso. Foi muito difícil, a decisão ficou com a gente”, diz a mãe..

E como agir diante de um caso que evidentemente se encaminha para a morte?

Esta é outra situação prevista no código. Que diz o seguinte: em casos irreversíveis e terminais, o médico deve oferecer todos os cuidados paliativos, mas deve também evitar ações inúteis e obstinadas. Aquelas que só prolongam em vão uma vida que está no fim.

E para esses momentos, o código diz que o paciente deve receber os cuidados para sofrer o mínimo possível.

“Isso é um avanço muito grande. É saber que a medicina tem limites de cura, mas que não tem limite nenhum no cuidado”, declarou Maria Goretti Maciel, diretora do serviço de cuidados paliativos do HSPE-SP.

Mas a pior coisa na relação médico-paciente é quando essa relação não existe, porque o médico não está, não veio, faltou.

“Hoje mesmo levantei cedo para poder levar o filho no médico e aí não tem médico, é revoltante. Médico não pode faltar no plantão”, conta Luana.

Faltar em plantão já era proibido. O que o código de ética traz de novidade nessa questão é estender a responsabilidade para a direção do hospital, do centro de saúde.

Agora, está claro, preto no branco: na ausência de médico plantonista, a direção técnica do estabelecimento deve providenciar a substituição.

Uma trabalhando, quando havia quatro pediatras escalados para um plantão. Na Páscoa, o fantástico passou duas madrugadas em hospitais do Rio de Janeiro.



Fantástico: o código entra em vigor no dia 13. O senhor pode assegurar que no próximo fim-de-semana, nos próximos plantões, não vai faltar plantonista nos hospitais?

“Se o médico vai faltar ou não eu não posso garantir a você. Agora eu posso garantir que todas as ações administrativas e legais serão realizadas. Isso eu garanto”, disse Sylvio Jorge, sub-secretário de saúde do Rio de Janeiro.

Fantástico: Quando um paciente se depara com uma situação dessas, como é que ele pode preservar o seu direito, como ele deve agir, a quem ele procura?

“Os conselhos têm sido muito rigorosos. Antigamente, eles tinham essa pecha de corporativista, máfia de branco, que não punia ninguém. Pelo contrário, os maus médicos nós queremos punir”, diz Roberto D’ávila.

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